Alguns elementos deste e de outros textos que tenho escrito aqui moram na ficção; na tentativa de que se relacionem esteticamente com a prática dos ensaios; na tentativa de que não sejam meramente informativos.
Para que fique claro, não tenho evitado exageros, supressões e pequenas “correções” da realidade. Então vai:
Pedro propõe aos atores, como aquecimento, a exploração de solos coreográficos; brincadeiras para pesquisar chaves que levem a diferentes estados emocionais, sensoriais ou psicológicos.
No momento da experimentação, medos
do abismo
de entrar e não sair mais
de se tornar um ator sem opinião
de que aquele que assiste não compreenda as regras da peça
de ser pequeno, insignificante, egocêntrico
de ser inoperante
e só
AtorObservador sempre.
Momento 1 - Ele dá forma a suas observações. Incorporando-as ao solo/cena, serve-se da crítica que cria enquanto dança.
Músculos e pele traduzem a fricção entre o que o ator faz e sua opinião sobre o que faz.
OU
Momento 2 - Ele tem consciência da opinião que flui no momento da criação, mas a mantem afastada dos olhos de quem o vê. Deixa que ela flua sutilmente pela respiração e pela coluna, mas se entrega sem engenhosidade ao estado proposto.
Daí as perguntas que não têm respostas, mas que aparecem como parte do percurso:
Como montar o quebra cabeça entre estes dois momentos?
Como armar as alavancas que levarão à próxima unidade da cena, tanto do ponto de vista do ator, quanto da encenação?
Marina Corazza
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