IVO 60 blog

Blog para registros dos processos do IVO60 da Cooperativa Paulista de Teatro.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ópera de Sabão - camarim






dezembro 2010
Teatro Ivo 60
Fotos: Anna Turra

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Depoimentos fictícios colhidos após as primeiras apresentações da peça Ópera de Sabão.

“Pirei em como vocês usaram a própria linguagem dos produtos de entretenimento para levantar reflexões sobre a condição de mercadoria que nos tornamos tanto do ponto de vista da vida prática, concreta; quanto da vida simbólica, subjetiva.”
Jorge, estudante



“Me diverti à beça, né bem? (Para o marido) Lembra daquela hora que a Samantha conta toda a verdade? A cara dela? (risos) Nossa, as atrizes trabalharam direitinho, né? Muito bom!”
Adelaide, aposentada.


“Gente, que bagaceira!”
Bia, amiga do Ivo 60



“Depois de ver essa peça vou levar mais a minha família ao teatro. Todo mundo fala que teatro é caro, que é coisa de rico, mas é mentira. A gente que é humilde também pode ir. Tem que procurar,é verdade. Mas daí, encontra uns passeios culturais como esse que dá pra pagar ou que é até de graça. Além do mais, é muito mais emocionante viver as coisas assim ao vivo junto com os artistas.”
Seu Rubens, padeiro.


...

Patrícia, produtora de elenco de uma grande emissora da televisão brasileira.


“Então gente, eu gostei da peça, mas eu esperava que vocês entrassem rasgando mais na crítica à sociedade de consumo e à massificação do universo simbólico.”
Ju, outra amiga do IVO 60.


“Os atores têm muitas qualidades, o espetáculo demonstra excelência e trata de temas pertinentes à formação do povo brasileiro, sua identidade e cultura. Infelizmente, o espetáculo Ópera de Sabão não está alinhado aos valores e à missão desta empresa para com o consumidor e cidadão brasileiro. Para tanto, lamentamos a impossibilidade de patrocinar o supracitado espetáculo.
Nossos sinceros cumprimentos ao Senhor Ivo 60.”
Luis Roberto, diretor de marketing de empresa que patrocina grandes espetáculos em grandes teatros brasileiros.


“Nossa, eu nem me lembro quando foi a última vez que fui ao teatro. Tinha me esquecido de como era. Dei muita risada com essa comédia e fiquei pensando quanto tempo da vida a gente gasta olhando pra uma televisão ligada por falta do que fazer... ou por solidão mesmo.”
Osório, escriturário


Marina Corazza

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

IVO60 é 10! - Um pouco antes da estreia

Finalmente consegui assistir a um ensaio com as câmeras posicionadas e a projeção ao vivo. Mesmo nos momentos em que não havia por parte dos atores a intenção de causar um estranhamento entre aquilo que era representado no ato teatral e aquilo que se via na tela, situações curiosas apareciam.
O ator olha numa direção, mas na tela parece estar olhando para outra; a expressão da atriz no close imprime informações diferentes da observada “cara a cara” com o público; a disposição dos atores desenha em cena um significado que a tela não capta ou vice-versa.

Tecnicamente isso não significa grande coisa, mas evidencia o potencial que o uso deste recurso pode imprimir à poética do espetáculo de maneira que as questões discutidas na peça possam se fazer na forma.

O uso intencional da projeção das imagens captadas pelas câmeras claramente abre possibilidades para jogos que podem em alguns momentos acompanhar o andamento da ação dos atores;em outros, causar ruídos entre a “ação real” e a “ação virtual”; ou ainda,evidenciar o patético da artificialidade da linguagem televisiva.

Faz tempo que não assisto à peça inteira sem paradas tanto com o uso da projeção, quanto com as interferências musicais. Fico muito curiosa para saber como está o todo, acho que só conseguirei ver na estreia.

Ansiosa também em presenciar como será “abrir as portas” ao público, a relação que o Espaço construirá com a cidade e os frequentadores, e a relação da plateia com a peça.

Marina Corazza

terça-feira, 28 de setembro de 2010

IVO60 é 10! - Ópera de Sabão

Brincar de variar as velocidades de diferentes ações e movimentos.

Fazer todas as cenas da telenovela criada dentro da peça em um ritmo bem mais lento do que aquele que os atores se habituaram.

Desacelerar.

Atuar lentamente sem perder o fio que dá coerência e sentido às falas e às ações. Não cair no adormecimento. Não perder a vida pulsando. Redescobrir intenções e reações.

Estas indicações levaram os atores a uma zona desconhecida e viva. Como quem se equilibra numa corda bamba, em cada micro partícula de cena, reorganizavam-se naturalmente no instinto de manter a situação teatral verossímil.

O confronto entre o comando de realizar todas as ações numa velocidade mais lenta e a construção elaborada até agora, fez com que novas e potentes intenções saltassem. Como numa decupagem minuciosa, era possível assistir a toda trajetória de intenções sem que para isso os atores precisassem sublinhá-las grosseiramente.

Além da “decupagem interna”, naturalmente as relações com o espaço também ficaram mais claras. A relação do corpo com o espaço, do corpo em relação aos outros corpos, do corpo em relação a ele mesmo se mostraram mais precisas e quase pictóricas.

Pergunta que na minha opinião deve estar presente em todos os ensaios a partir de agora: de que forma evitar que esta plasticidade seduza a plateia a tal ponto que a mesma chave ligada no piloto automático para absorver qualquer produto da indústria de entretenimento acabe por não ser desligada? De que forma evitar que a peça também seja absorvida pelo modo de recepção do sistema?

Marina Corazza

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

IVO60 é 10 - 1,2,3 Atenção.... Edição

Contratempos me fizeram não poder acompanhar o trabalho como eu gostaria e por isso passei algumas semanas sem escrever.
No dia em que Anna Turra chegou com a proposta de ter três câmeras projetando detalhes em tempo real dos atores em cena, tive que sair. Completamente frustrada por querer ficar mais.
Mesmo nos poucos minutos que fiquei, a câmera já se mostrou objeto de desejo. Os atores brincavam de ter a imagem projetada na parede. Grande. Fazer e se ver simultaneamente. Um mínimo detalhe como uma subida de sobrancelha, um olhar “penetrante”, uma virada de cabeça e todos não estão mais olhando para você pequeno e insignificante na sala, mas para a sua imagem grande e sedutora na parede.

O risco de que a imagem projetada sugue a platéia é real. As intenções de cada interação precisam ser bem conscientes. O diálogo parece ser mais fértil quando aquilo que é projetado corresponde nitidamente a uma parte do que é encenado e, com isso, assume um significado completamente diferente daquele que tem no contexto da cena entre os atores.

Intenções ampliadas, gestos descontextualizados, ator pego de surpresa pela câmera num momento de exacerbação das emoções de outro ator...Enfim, descobrir as diferenças entre o que ocorre na projeção e na relação entre os atores pode ser a grande chave para que a peça ganhe em camadas de leitura e traga à discussão sobre a indústria cultural questionamentos e percepções que se desdobrem para além da superfície.

Tenho a impressão de que esse caminho evidencia a posição (política, sim) do grupo sem que para isso os artistas assumam uma postura catequizante sobre aqueles que assistem. O discurso cênico é tecido para que algumas pontas fiquem soltas e sejam levadas pelo público.


Marina Corazza

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

IVO60 é 10! - Botando pressão

são dois meses até a estréia A reforma da sede não está pronta Dramaturgo assiste suas pequenas modificações serem ignoradas Atores sentem falta de trechos que existiam antes
repete Pedrinho
os músicos assistem cenas que ainda não tinham visto.... Tá engraçado? Vocês acham que dá pra entender? Músicos terão que atuar Longa discussão sobre um monólogo. O texto é pessoal mas tem algumas palavras que ferem mais do que outras O Ivo disse que não vai pagar a terapia. Como dirigir os músicos? As modificações no texto desconstroem o caminho criado pelos atores
repete Pedrinho
tem que construir um novo fluxo entre as partes dos monólogos. Não tá engraçado
repete Pedrinho
como dar o punch? Depois de longa discussão, descobrem que estavam querendo dizer a mesma coisa
repete Ana
as pessoas estão quase chorando com meu monólogo. Não tá engraçado. Gente, eu preciso ir embora
repete Mari
perdeu a sinceridade,o que você tá falando tem que passar por você O público tá quase chorando... eu preciso
repete Pedrinho
como vai ser essa troca de roupa? Silêncio. De novo. E o cenário? O quê? Projeção? Projeção?!
Como assim projeção?! Gente, eu preciso ir.

Marina Corazza