IVO 60 blog

Blog para registros dos processos do IVO60 da Cooperativa Paulista de Teatro.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

SOMBRAS DA LUZ - registro intervenção 4 - junho 2009

fotos: mari galender
videos: anna turra


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VIDEO 1º DIA:


http://www.youtube.com/watch?v=kFhRAIC85QM

VIDEO 2º DIA:


http://www.youtube.com/watch?v=C3AyilM5UYM

sábado, 13 de junho de 2009

SOMBRAS DA LUZ - registro intervenção 3 - abril 2009

fotos: mari galender
videos: anna turra


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VIDEO 1º DIA, ABRIL 2009:



http://www.youtube.com/watch?v=xIP0JeKeCj0


VIDEO 2º DIA, ABRIL 2009:



http://www.youtube.com/watch?v=99dYpz2k5hA

segunda-feira, 9 de março de 2009

SOMBRAS DA LUZ - Com a palavra, Silvia Leblon, a diretora:

Da direção
(sobre a primeira fase do trabalho com o Ivo60 até a quarta intervenção no Parque da Luz, em dezembro de 2008)


Dada a largada, corremos atrás do que buscávamos: algo que se aproximasse do que chamamos “feio”. A fim de entendermos o que? Eu me perguntei desde o início.
Talvez a compaixão... a perfeição na imperfeição.
Chamei de sombra aquilo que ocultamos por medo, vergonha ou timidez.
Esta seria a meta. O ponto de partida, o jogo do palhaço.
Muita coisa aconteceu no caminho: alegrias e tristezas, sustos e surpresas, encontros e desencontros; entusiasmo e desânimo; expectativas e decepções.
O que é importante dizer de tudo o que vivenciamos nesse processo até agora?
Criamos “figuras”, resultado de muito improviso, e avançamos na familiaridade com o parque e suas características. Já não nos sentimos invasores.
Partimos da linguagem do palhaço, como já dissemos, porque o palhaço é sombra; revela o que todos escondem e sabe alguma coisa sobre si mesmo.
Só isso foi pré-estabelecido: partiremos da nossa própria sombra.
Logo me surpreendi com a facilidade que tinham, durante os exercícios, de “criar personagens”. Eu desejava que ficassem mais tempo na pesquisa individual, para o levantamento de um repertório de ações, trabalhar mais tempo os princípios do palhaço; mas eu sabia que a meta não era o palhaço; apenas o ponto de partida.
Diante da voracidade criativa do grupo, deixei passar rapidamente essa etapa e decidi estimular a criação de “figuras”, explorar qualidades, através do exercício das cores. Isso deu um estímulo muito grande à criação, mas não a base técnica. Resultado: as “figuras” tomaram corpo, para alguns mais, para outros menos, em processos de consciência desiguais; conquistavam aos poucos uma lógica própria, mas as técnicas necessárias ao jogo não estavam de todo assimiladas. Resolvemos voltar a elas.
Fatores externos ao trabalho, que não cabe citar aqui, adiaram o início dessa nova fase. Paralelamente, sentiam falta de um treinamento corporal independente do processo criativo. Resolvemos chamar a Xica Lisboa para isso.
O treinamento corporal foi benéfico para o elenco, mas como diminuíram os ensaios, o processo criativo deu uma “desaquecida” e além disso faltou tempo suficiente para rever as regras do jogo, como havíamos planejado.
As novas intervenções estavam marcadas, as equipes de cenografia e figurinos já estavam comprometidas a incluírem a sua colaboração nessas intervenções. Não haveria tempo para os atores trabalharem em sala com objetos e figurinos novos. Foi aí que na primeira reunião que tive com o Luizão cenógrafo, eu pedi que ele presenteasse as “figuras” com alguns objetos cênicos que ele enxergasse fazendo parte do universo deles, além dos que já traziam em suas bagagens. Como estava perto o Natal, surgiu a idéia do Papai Noel chegar no Parque, de surpresa, com os presentes. Claro que precisávamos levar também presentes para os freqüentadores do parque, inclusive as crianças. Convidamos Carol e Ana, as figurinistas, a fazerem o mesmo com os figurinos. No dia D elas, surpreendentemente, apareceram com um tapete vermelho de 100 metros, e uma máquina de costura antiga, para montar uma instalação, além das camisetas novas e um lindo figurino para Ana Flávia ( a “noiva”).
O registro em vídeo, feito pela Anna Turra, mostra o que aconteceu.
Tudo muito diferente do que eu havia planejado.
Não estou acostumada a lidar com equipe de cenografia e figurino. Nesse ofício de “palhaça” criamos o nosso próprio figurino, a nossa própria cenografia, e os executores procuram realizar o que imaginamos e sugerimos.
Neste caso, tiveram total autonomia para a criação.
Naquele momento eu não podia impedir a experiência que estavam propondo por mais que me parecesse estranho ao processo que eu estava desenvolvendo com os atores.
Eu havia sugerido a utilização de materiais usados e me preocupava com a delicadeza das intervenções no ambiente do parque.
Tudo que levaram era novo, com exceção da máquina de costura modelo antigo; contrastava totalmente com a aparência dos atores, que se utilizavam de roupas e acessórios surrados, desbotados, por opção própria. O que significava tudo aquilo? Esperei para ver. Confesso que o tapete me chocou. As camisetas novas, modernas... Eu pensava em presentes usados misturados a algumas bobagens, alguns não desejáveis; queria evidenciar a decepção ao lado da surpresa, fazer repensar o valor. Cheguei a sugerir presentes simbólicos, escritos no papel, como encomendou à Mari Xicrinha o homem do parque, no ensaio aberto: - “desejo Saúde para minha família”. Imaginei o Papai Noel surgindo por entre as alamedas do parque, como se estivesse passando por ali, e esperava que os atores o descobrissem aos poucos.
Não foi isso o que aconteceu.
Apesar do foco ter sido deslocado dos atores para o Papai Noel e para os novos elementos cênicos, o tapete e objetos, foi um acontecimento! Os atores interagiram com os novos elementos e isso deu a eles muitos motivos de ação.
Não gosto muito de coisas; como artista, optei por afirmar isso. Tem coisa demais no mundo. Não quero o peso das coisas. Quero gente, sentimento, corpo vivo, energia, alimento, natureza.
Optei pelo teatro de ator, a partir do ator, onde o ator é o autor e o centro da cena.
Por outro lado, encaro esse trabalho como coletivo. Não quero dar a ele a minha marca, mas a marca do coletivo. Não é meu. É de todos que estão nele.
Como juntar as idéias? Eis a questão.
Admirei a ousadia das meninas... e do Luizão também, nosso Papai Noel.
Desejo agora mais técnica. Mais calma interna e externa para integrar. Mais música, em todos os sentidos. Tocar junto, em todos os sentidos.
Estamos iniciando uma nova etapa.
Que tempo temos para tudo o que queremos?
Para a memória, o futuro, o agora.
Agora é o tempo do palhaço.
Agora é tempo de mudar.
Agora é tempo de fazer o que preciso.
Agora é o que há para depois.
Agora é a canção do Arnaldo Antunes.
Traga a música, Ana Flávia.
E também Vaca Profana!

Escrevo assim minhas palavras ...
De perto ninguém é normal ...
São Paulo é como um mundo todo ...
A vida que é meu bem meu mal ....
Vaca profana põe teus cornos
Pra fora e acima da manada ...
Ê deusa de assombrosas tetas ...
Quero teu leite todo em minha alma ...
La leche buena toda em mi garganta .
Derrama o leite bom na nossa cara.


Será que todos os caminhos levam?
Ao trabalho! O resto é silêncio.

Silvia Leblon

26 de janeiro de 2009

SOMBRAS DA LUZ - Depoimento Cenografia

A participação da cenografia, ou melhor definido, do raciocínio de espaço cênico e encenação no projeto à Sombra da Luz, ao contrário das últimas colaborações, têm se destinado cada vez mais a obrservação, contemplação. Seja do nascimento das personagens, seja no local de exposição dos seus potenciais de atuação, o Parque da Luz. Talvez os termos em que se possa definir a atuação da equipe de cenografia seja mesmo a observação de potenciais.

O Parque da Luz, pequeno em perímetro, em comparação ao Parque Villa Lobos, é muito mais amplo. As situações, e a quantidade de detalhes e lugares, instigaram público e atores. As personagens, com suas múltiplas “qualidades” cênicas extrapolaram as possibilidades de encontros e diálogos no parque através do incrível e da quebra do cotidiano.

A criação das personagens estimulou a intervenção a transformar as mesmas em interventoras no espaço. Os objetos pessoais e os coletivos, aqueles que extrapolam o individual e chamam para a encenação coletiva constituem o vocabulário. Os objetos que os atores usam para locomover-se, ou suas malas, sacolas, e apetrechos vêm sendo pensados como potenciais de intervenção.

Para presentear objetos às personagens, de uma maneira mais espontânea e visceral, inserimos o Papai Noel, figura do ideário popular, na intervenção de dezembro. As possibilidades de recusa e ou aceitação do presente, a maneira como as personagens utilizariam os objetos, todas as questões estavam no ar e enriqueciam o jogo cênico. E afinal, um sujeito todo de vermelho portando um carrinho de mão chama a atenção do homem comum.

A equipe de figurino, mesclando atividades e campos de conhecimento, teve uma atitude mais incisiva na intervenção espacial, e nesse dia, com um rolo de tecido vermelho, colocado na rua principal do parque, sem que os atores soubessem, demarcando relações espaciais do parque. O rolo de tecido, com 50m de cumprimento, demarcou a grande extensão da rua. No dia seguinte, as personagens apropriaram-se do tecido para suas atividades de jogo cênico.

Como interventores, estamos ainda engatinhando, não dominamos o parque ainda. Muito a descobrir ainda. Mas as possibilidades são animadoras. A chave do jogo talvez seja como deixar rastros, com a sutileza que o parque demanda, nos seus silêncios visuais, na sua riqueza discreta de detalhes. Os rastros serão as narrativas que o jogo de atores construírem.

Luiz Florence

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

SOMBRAS DA LUZ - eu (não) sou você

Figurinos para a 2ª intervenção - avaliação do processo (dez/2008)

Entre outubro e dezembro de 2008 acompanhamos alguns ensaios e as duas intervenções montadas pelo grupo IVO60 no Parque da Luz. O objetivo geral que nos foi proposto no início do período foi dar início a um processo de experimentação de figurinos adequados à improvisação do grupo e relacionados às necessidades de desenvolvimento de cada ator.

Tendo assistido à primeira intervenção, que ocorreu com o emprego exclusivo de figurinos trazidos pelos próprios atores, observamos a tendência ao acúmulo de objetos bastante desgastados - na maior parte dos casos coloridos - sobrepostos em uma montagem que, em geral, remetia ao universo da loucura, bastante próximo de uma mímese de parte do público local.

Como proposta para a segunda intervenção, decidimos não interferir em pequenos detalhes do processo de construção das personagens pelos atores, mas lançar alguns estímulos em maior escala com os quais as figuras em construção pudessem interagir e criar novas situações com o público, alterando os limites entre o “teatro” e o “não teatro” (ou “realidade”).

Considerando essas diretrizes gerais, a proposta do figurino consistiu em:

- incorporar objetos do cotidiano e da produção do bairro em uma grande colagem, extrapolando o universo da loucura.

- experimentar o limite entre cenografia e figurino, buscando reestruturar o espaço do parque através do estudo das dimensões e das cores.

Essas propostas concretizaram-se, basicamente, em três pontos:

1. Criação de um grande tapete de TNT vermelho com cem metros de comprimento, estendendo-se do portão de entrada ao centro do parque (lateral da Casa de Chá), arrematado por uma máquina de costura sobre uma pequena mesa.

2. Confecção de trinta e cinco camisetas brancas estampadas em dois grupos, com os dizeres: “Eu sou você”, “Eu não sou você” para serem distribuídas como presentes por um Papai Noel (colaborador do grupo) para atores e freqüentadores do parque.

3. Construção de um vestido/ véu, a partir da junção de muitas roupas brancas significativas da produção do Bom Retiro e compradas prontas em lojas de comércio popular da região (o véu foi entregue como presente de Papai Noel para uma das atrizes).

Acreditamos que a experiência em torno desses objetos foi importante no sentido de criar alguns focos de atenção e ação no amplo e movimentado espaço do parque.

Vale lembrar que os elementos distribuídos eram desconhecidos dos atores, adquirindo, portanto, o caráter de estímulos completamente novos para eles tanto quanto para o público, o que reforçou o jogo de domínio do espaço e do público proposto, entre outras coisas, pela diretora. Quando aliados ao improviso dos atores, estes estímulos constituíram-se em meios de intervenção plástica carregados de diversos significados:

- a máquina de costura, um modelo antigo, trazida como uma lembrança da principal atividade de muitos dos freqüentadores do parque – a confecção em larga escala de artigos de vestuário – foi de fato reconhecida enquanto instrumento de trabalho, mas um instrumento um pouco estranho (por ser muito antigo e estar, de certa forma “fora de lugar”, em um parque, a céu aberto, fora da oficina, e, ainda por cima, em uma das extremidades do tapete vermelho, uma espécie de monumento...).

- o tapete vermelho, além de direcionar os olhares para a máquina de costura como um dos “monumentos” do parque (e do bairro), constituiu um novo caminho sobre o caminho habitual. Quem sempre passava apressado por ali, para cruzar o parque, teve de diminuir o passo, e quem estava sentado nos bancos ao longo do caminho, parou para olhar o desenrolar dos acontecimentos: uma dezena de personagens (atores, Papai Noel, freqüentadores crianças e adultos) que tomaram o tapete como “palco”, espaço onde concentraram as suas atividades. O vento também interveio, mudando a forma e a direção do caminho. No fim da intervenção, o tapete transformou-se em uma grande massa de vermelho recolhida com esforço por uma das atrizes (que nele se enrolou, construindo na hora uma disforme roupa-casulo).

- as camisetas, mais um produto da fabricação em série, e a enigmática mensagem nelas estampadas, provocavam um certo estranhamento em quem as vestia e em quem as via, pela questão que elas levantavam – se o ator era espectador, e vice e versa, ou ainda o que diferenciaria ou aproximaria cada pessoa, cada indivíduo, ator ou não.

- o vestido, por sua vez, foi claramente identificado pelo público como um véu, de uma noiva um pouco louca, um acúmulo de peças, de coisas guardadas, de sentimentos.

Nesta peça, experimentamos um princípio que já utilizamos anteriormente e que poderá ser bem explorado no futuro, que é o de um figurino transformável, onde os significados das peças prontas utilizadas na composição somam-se criando um novo e inesperado significado, oferecendo múltiplas escolhas e possibilidades de uso para quem as veste.

Oficina2+

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

SOMBRAS DA LUZ - registro intervenção 2 - dez 2008

fotos: ana dupas
videos: anna turra


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VIDEO 1º DIA, DEZ 2008:


http://www.youtube.com/watch?v=3oLILwHLt6o


VIDEO 2º DIA, DEZ 2008:


http://www.youtube.com/watch?v=faVDzqflYRY