IVO 60 blog

Blog para registros dos processos do IVO60 da Cooperativa Paulista de Teatro.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ivo60 é 10! - Sem título

No último ensaio fiquei um pouco confusa.
Tenho a impressão de que se perdeu o estranhamento (tão procurado) porque a brincadeira entre uma atuação mais “identificada” e os ruídos de encenação diminuiu.

Entendi o caminho que foi buscado. Os atores receberam a orientação de imaginar que estão atuando para a câmera, só que isso transposto para a linguagem teatral gerou uma certa estilização.
Estudar o formato de atuação nas novelas e seriados com certeza enriquece o trabalho, mas buscar o mimetismo disso pode afastar o grupo do objetivo inicial. Parece-me que, com essa orientação, os gestos, falas e intenções dos atores passam a conter a crítica o tempo todo e impedem que existam momentos de “mergulho”.

Com isso o trabalho pode cair na fórmula de criticar uma determinada situação do início ao fim da peça, sem tensão. Platéia e atores já iniciam o espetáculo sabendo que têm as mesmas convicções políticas e assim vão até o final, concordando e rindo de algo que está abaixo deles e do qual, acreditam, já compreender todas as causas e efeitos do assunto em questão.

Pelo que percebo do discurso do grupo, pretende-se que as contradições não sejam somente desenhadas, mas que se materializem no instante da cena e na relação com a platéia.

Outro elemento que contribuiu para essa falta de embate em cena foi a presença constante da música que comenta o tempo todo também na direção da crítica e isso evita que a platéia embarque na ilusão. Como espectadora, sinto que o efeito do distanciamento está diretamente ligado ao quanto me envolvo com a “historinha” criada.

Talvez eu caia aqui no terreno simplista do gosto, mas senti falta dos silêncios que já tinham sido encontrados, das pausas preenchidas que me faziam ter piedade, raiva ou admiração pelas personagens da novela que se passa dentro da peça.


Marina Corazza

Um comentário:

Pedro Felício disse...

De se pensar.
Acho que você tem muita razão.
Vamos ter que nos debruçar cuidadosamente sobre isso...