IVO 60 blog

Blog para registros dos processos do IVO60 da Cooperativa Paulista de Teatro.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

IVO60 é 10! - Botando pressão

são dois meses até a estréia A reforma da sede não está pronta Dramaturgo assiste suas pequenas modificações serem ignoradas Atores sentem falta de trechos que existiam antes
repete Pedrinho
os músicos assistem cenas que ainda não tinham visto.... Tá engraçado? Vocês acham que dá pra entender? Músicos terão que atuar Longa discussão sobre um monólogo. O texto é pessoal mas tem algumas palavras que ferem mais do que outras O Ivo disse que não vai pagar a terapia. Como dirigir os músicos? As modificações no texto desconstroem o caminho criado pelos atores
repete Pedrinho
tem que construir um novo fluxo entre as partes dos monólogos. Não tá engraçado
repete Pedrinho
como dar o punch? Depois de longa discussão, descobrem que estavam querendo dizer a mesma coisa
repete Ana
as pessoas estão quase chorando com meu monólogo. Não tá engraçado. Gente, eu preciso ir embora
repete Mari
perdeu a sinceridade,o que você tá falando tem que passar por você O público tá quase chorando... eu preciso
repete Pedrinho
como vai ser essa troca de roupa? Silêncio. De novo. E o cenário? O quê? Projeção? Projeção?!
Como assim projeção?! Gente, eu preciso ir.

Marina Corazza

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ivo60 é 10! - Indigestão

O texto chegou. Agora as relações entre as cenas começam a ficar claras e desdobram-se algumas camadas de leitura.

As personagens são resultado da simbiose entre os atores do IVO60 e os atores da ficção contratados para atuar numa novela.

A encenação, o texto e a direção dos atores fortalecem a idéia de que as personagens são completamente absorvidas pelo sistema de celebridades. Alguns instrumentos “sedutores” da ilusão televisiva estão lá e nos embalam para quase adormecer, como o uso da música reforçando a ação e o desenrolar de uma trama recheada de assuntos privados. O riso e o choro.

A reflexão crítica não aparece explicitamente na fala dos atores-personagens, mas na fricção entre as cenas que constroem jogos de oposição.

Ainda assim, temo um pouco pela leveza que pode ser a grande armadilha do trabalho. Parece existir uma resistência do grupo ao peso, ao doer, como se quisessem também “agradar” a todo custo. É da natureza do encontro entre esses artistas a sátira, a piada, o escracho, mas no caminho que o trabalho segue, se não houver indigestão que se oponha ao ritmo envolvente, leve e descolado, ele perde muito da sua força e pode acabar fazendo o discurso contrário.

Não acho que para isso os atores devam comentar com verborragia ou com “excesso de intenção” a trajetória de suas personagens. Acho que a chave é mais sutil e, para mim, está diretamente ligada ao apego do grupo à necessidade de comunhão com a platéia pelo riso, ou melhor, pela risada. Às vezes um sorriso emocionado da platéia pode ser mais lúcido do que uma grande gargalhada.

Acho que falta indigestão. Se não, corre-se o risco de que a platéia e os atores saiam do teatro do mesmo jeito que chegaram. Riram, divertiram-se, embarcaram na ilusão e foram embora ilesos.

Obs: O IVO60 está em reforma para atender aos padrões e melhor acomodar seu público-alvo.

Marina Corazza